Há muitos estudos que confirmam a relação entre enxaqueca e dieta. Alguns alimentos são considerados gatilho das enxaquecas, dentre eles os alimentos gordurosos, os queijos envelhecidos, as bebidas alcoólicas (especialmente o vinho tinto), os alimentos em conserva, os embutidos em geral, os alimentos que contêm aspartame ou glutamato monossódico, e algumas frutas como abacate, framboesa, banana e frutas cítricas. O chocolate também é apontado nas pesquisas como um dos alimentos capazes de desencadear dores de cabeça em algumas pessoas.
As aminas, presentes nos alimentos que têm sido relacionadas à enxaqueca, são a tiramina (presente nos queijos e vinhos), a feniletilamina (presente nos chocolates) e a histamina (substancia produzida em resposta a uma reação alérgica ao alimento). Estudos sugerem que pessoas que sofrem de enxaqueca não são capazes de metabolizar e neutralizar estas aminas de forma rápida, assim elas permanecem no organismo por mais tempo, causando as dores de cabeça devido a sua ação nos vasos sangüíneos.
As enxaquecas têm também um componente hereditário. Algumas pessoas podem ter uma deficiência genética de uma enzima, a monoamina oxidase (MAO), que metaboliza essas aminas. Essa falha no organismo pode explicar o porquê de alguns serem mais afetados que outros.
Outro vilão da dor de cabeça é o grupo de compostos fenólicos flavonóides, presentes na casca de uva, que são usadas no preparo do vinho tinto. Essas substâncias podem ocasionar crises intensas em algumas pessoas.
Mais tipos de dor de cabeça que estão relacionados à alimentação:
Alimentos gelados: a dor de cabeça causada pela ingestão de alimentos ou líquidos muito gelados é um tipo de dor que grande parte das pessoas já deve ter sentido. É uma dor de grande intensidade e curta duração, causada por uma súbita e intensa contração seguida de dilatação dos vasos sanguíneos do interior da cabeça quando o alimento gelado toca o céu da boca. Para evitar que esse desconforto ocorra, deve-se ingerir os alimentos ou bebidas geladas de forma lenta e em pequenas quantidades.
Bebidas alcoólicas: a cefaléia ocorre após ingestão excessiva de álcool, devido à desidratação que o mesmo provoca. Para aliviar esse tipo de dor, aconselha-se ingestão de água e líquidos em abundancia, refeições leves sem gordura e frituras, além de repouso.
Hipoglicemia: alimentar-se em intervalos regulares com refeições leves pode ajudar a inibir as oscilações da glicose sangüínea e a hipoglicemia (baixa da taxa de açúcar no sangue), que produz uma dor de cabeça persistente, a dor de cabeça da fome.
Os vilões mais comuns no processo doloroso:
Aminas vasoativas: são substâncias capazes de dilatar os vasos sanguíneos. Elas incluem a tiramina e feniletilamina. A tiramina pode ser encontrada em queijos envelhecidos, fígado de galinha, creme azedo e vinho tinto. A feniletilamina pode ser encontrada em queijos e chocolates.
Nitritos e nitratos: os nitritos e nitratos são substâncias adicionadas às carnes e pescados como preservativos, podendo provocar enxaquecas em pessoas suscetíveis. Os nitritos são encontrados em salsichas, camarão fresco e congelado, e carnes processadas.
Glutamato monossódico: o glutamato monossódico é um realçador de sabor e está presente na maior parte dos alimentos industrializados – sopas prontas desidratadas, enlatados, embutidos, molhos prontos. Verifique os ingredientes dos rótulos dos alimentos e em restaurantes (principalmente restaurante chinês e japonês).
Lactose: pode causar enxaquecas em pessoas com deficiência da lactase, uma enzima que metaboliza o açúcar do leite. Nestes casos além da dor de cabeça, a pessoa apresenta diarréia ou constipação, gases, distensão abdominal, desconforto intestinal.
Cafeína: quanto maior a ingestão de cafeína, mais altas são as chances de se ter enxaqueca. Ela eleva a pressão arterial, acelera o coração e pode causar uma constrição excessiva dos vasos sanguíneos. Pode ser encontrada no café, refrigerantes, mate e chás.
Cobre: este mineral está envolvido no metabolismo das aminas vasoativas e seu metabolismo pode ser anormal nos portadores de enxaqueca. Alimentos que possuem alto conteúdo de cobre ou afetam a absorção ou o transporte do cobre no corpo, podem provocar enxaqueca: chocolate, fígado de boi, ostra, semente de gergelim e de girassol, castanha de caju, castanha do pará e pistache. Frutas cítricas também aumentam a absorção de cobre. Um aditivo alimentar que transporta o cobre é o glutamato monossódico, descrito acima.
Aspartame: este adoçante em especial foi implicado em vários estudos como um indutor de enxaqueca nas pessoas com sensibilidade à substancia. De sabor agradável, ele está presente em diversos alimentos light ou diet (sucos, refrigerantes, iogurtes, chocolates, etc.)
Resumindo: se você sofre de enxaquecas constantes evite chocolate, queijo, frutas cítricas, moluscos marinhos e álcool. Estes alimentos contêm aminas vasoativas, como a tiramina, que pode causar vasodilatação cerebral. Eles também são altamente alergênicos. Algumas pessoas que sofrem de enxaqueca são deficientes nas enzimas que metabolizam estas aminas. Outros alimentos que contêm aminas são: abacate, banana, repolho, berinjela, abacaxi, batata, peixe enlatado, carne curada, extrato de levedura, iogurte, figos enlatados, cebolas e pasta de amendoim.
Os amigos da cabeça
Magnésio: é um mineral que promove uma redução do espasmo dos vasos arteriais e um relaxamento da musculatura tensionada. Encontra-se em vegetais folhosos, nozes, aveia, arroz integral, pão integral, peixe.
Triptofano: é um aminoácido precursor de serotonina, um neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e redução da ansiedade. É encontrado em alimentos como verduras frescas, feijão, pão integral, leite, queijo, ovos, carne, aves e pescados.
Omega-3: é uma gordura do bem que exerce uma ação anti-inflamatória no organismo e compete com gorduras como o ácido araquidônico, responsável por uma reação em cascata que libera substancias que provocam dor de cabeça. Está presente em peixes gordos, ovos e linhaça.
Chá de camomila, erva-doce e hortelã também ajudam. Relaxam, tem ação anti-espasmo e promovem a digestão (a má-digestão é muitas vezes responsável pelo desencadeamento de processos alérgicos).
Gengibre: é uma raiz que possui ação analgésica e anti-inflamatória contribuindo para minimizar as dores de cabeça, pois bloqueia a ação da prostaglandina tipo 2, um hormônio responsável por sensações dolorosas.